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Trabalho escolar sobre o Romantismo em Portugal, realizado no âmbito da disciplina de História (11º ano de escolaridade).
O tema aqui tratado, no âmbito da disciplina de História, é sobre o Romantismo, ou melhor, como os ideais românticos afectaram a história quer a nível social quer a nível cultural.
O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico, elaboradas pelo século das Luzes, que podemos definir como um estado de espírito. O seu nome deriva de "romance" (história de aventuras medievais), que tiveram uma grande divulgação no final de setecentos, respondendo ao crescente interesse pelo passado gótico e à nostalgia da Idade Média.
As perguntas que fazemos são em que consiste a essência do Romantismo? Como era sentido? Como era visto pelos românticos?
Para introduzir a informação correcta, pesquisámos arduamente por entre livros, apontamentos, e pela Internet. Seria correcto dizer que foi um trabalho fácil, visto que o “Romantismo” é algo que temos presente, qualquer uma de nós poderia facilmente dar uma definição breve e correcta. Porém, não é isso que se pretende. Pretendemos demonstrar o que é o Romantismo e como afectou a humanidade, daí que não seja assim tão fácil.
Ao pesquisarmos para este trabalho deparámo-nos com vários artigos que continham basicamente a mesma coisa. Esperávamos encontrar diferentes pontos de vista. Obviamente que tratar um tema que parece simples e no entanto não é, trouxe algumas dificuldades.
Então foi preciso organizar o tema por tópicos, que foram distribuídos por todas, para conseguirmos reunir a informação precisa.
Juntámos ao trabalho um poema de José Gomes Ferreira para ajudar a compreender o Romantismo e, enfim, os românticos.
O Romantismo surgiu, no final do século XVIII, na Alemanha, a partir do movimento Sturm und Drang (Tempestade e Paixão), depois desenvolveu-se na Inglaterra e, por volta de 1830, atingiu um ponto alto em França. No entanto, nós apenas iremos falar no Romantismo em Portugal. Em Portugal surgiu com as revoltas liberais, em consequência, com o fim do absolutismo, que trouxe às pessoas liberdade. Liberdade essa que é um dos factores do Romantismo.
“O Romantismo surgiu na Europa numa época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia.”[1] Em Portugal, teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a Questão Coimbrã.
Podemos fazer uma partição do Romantismo em Portugal, primeiramente, a Primeira Geração, que vai de 1825 a 1840, onde os seus principais autores são Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António Feliciano de Castilho; de seguida, a Segunda Geração, denominada ultra-romântica, que vai de 1840 a 1860, e tem como principais autores Camilo Castelo Branco e Soares de Passos. Por último, a Terceira Geração, a pré-realista, de 1860 a 1870, que tem como principais autores Júlio Dinis e João de Deus.
Segundo José Hermano Saraiva (in História Concisa de Portugal), o Romantismo é a expressão literária da consciência burguesa. Acredita no progresso, porque o progresso foi a mola económica da burguesia; entoa o canto da liberdade, porque para o burguês a liberdade não é senão o exercício do poder por ele próprio; exalta o sentimento contra a barreira das convenções, porque o sentimento é ele e as convenções são as sobrevivências das barreiras sociais que se opõem à sua caminhada triunfal; inventa a alma do povo, ou o espírito nacional, porque se considera o legítimo representante desses mitos; reinventa a história porque a história lhe permite reconstituir um pergaminho colectivo e apresentar-se como sendo ele o verdadeiro nobre, o representante das gerações que, durante séculos desbravaram o caminho da liberdade, ou seja, alguém importante.
No Romantismo as atenções viravam-se para o indivíduo arrebatado pelo sentimento e pela paixão, consumido pela dor, pela tristeza, pela solidão.
É aí que se expressa o culto do eu, na figura de um herói romântico, um ser insatisfeito, solitário, que rompe com as normas e dita as suas próprias regras.
“Frequentemente, o presente repugna-lhe e, por isso, o herói romântico, cuja vida é atribulada e curta, refugia-se na Natureza, cúmplice dos seus estados de alma, mergulha na Idade Média, que idealiza e mistifica, ou deambula pelo Oriente exótico.”[2]
Mas porque é este herói romântico tão sofrido? Porque é que a vida não lhe corre bem? Porque está a sociedade em conflito com ele?
A resposta está no que chamamos “mal du siécle”, ou «mal do século», que se integra nas revoluções liberais. Assim podemos compreender o ambiente de permanente instabilidade em que viviam.
Para além do culto do eu, outro dos temas do Romantismo é a exaltação da liberdade que se tornou a expressão da ideologia liberal, quer fosse “liberdade de criação, a liberdade política, social ou económica ou a liberdade dos povos”[3]
O Romantismo sustentou lutas contra a tirania absolutista, a causa do Liberalismo e combateu a favor dos povos oprimidos.
Entretanto, devido ao interesse pela Idade Média, o Romantismo vai revalorizar as raízes históricas das nações. Vem daí a paixão pelo estilo gótico na arquitectura e pelos temas e lendas medievais (Alexandre Herculano).
A alma romântica, que ansiava por falar, encontrou uma maneira de se exprimir, através da Literatura.
“A Literatura romântica desenvolveu-se á margem das regras e dos modelos clássicos. Cultivou o romance sentimental, onde os sonhos e as paixões dominam e se cultiva o pitoresco e o exótico.”[4]
O romance, género literário de eleição, produziu grandes obras-primas que ainda hoje são muito apreciadas. Obras que mexem connosco, que vibram, que nos levam a sonhar com um amor impossível, ou até a chorar com o fim trágico da história.
Em Portugal, a nova corrente literária foi introduzida por Almeida Garrett e Alexandre Herculano, que foram buscar inspiração aos escritores românticos franceses, ingleses e alemães. Por isso o Romantismo português é extremamente semelhante ao Romantismo do resto da Europa.
O Romantismo na literatura era algo nada convencional, era mágico, imprevisível e grandioso.
A poesia foi o género em que melhor se exprimiram as condições românticas, onde se invocava muito a sensibilidade pessoal, a melancolia, a natureza e tudo o que ela tinha de belo, enfim o ambiente romântico.
Denotava-se um enorme vigor dramático e empenhamento revolucionário na literatura portuguesa.
- Uma alegoria ao Romantismo
Ouve, poeta romântico:
Como queres que compreenda a tua dor de incompreendido
Se nunca deitei fogo aos problemas
Para fugir da terra
Num cavalo de asas de fumo?
Nem nunca pairei sobre os homens
De ouvidos tapados
Para ouvir melhor dentro de mim
As lágrimas das sereias
A insinuarem-me ilhas pessoais
Nos berços aéreos das manhãs de sal?
Como queres que entenda o teu desamparo de herói caído
Se nunca andei pelo céu
Com pés de estrelas…
Nem nunca desci á Terra como tu
Para completar a paisagem com os olhos…
Ou dar aos escravos
- A pobre – carne - de - viver dos escravos! –
A glória de comungar de joelhos
A aristocracia da minha dor
- Do tamanho de uma cidade forrada de pêlo humana
Com ruas calcetadas de olhos tristes?
Não poeta romântico.
Cairia morto de vergonha
Se vagueasse pelo mundo
A enxugar lágrimas de pobres
Com lenços de nuvens.
E desceria á fundura
Da raiz mais oculta dos frios
Se não fosse igual a todos
Menos a mim mesmo.
E cegar-me-ia com unhas
Até ao silêncio das imagens
Se passasse como tu os dias e as noites
A mirar-me ao Espelho
Para ver o meu Esqueleto genial
Dependurado com flores
Entre a Terra e o Céu
Num balouçar de Deus
Que não se Regina às pedras nem às nuvens…
-Enquanto no Inferno da vida
Os outros esqueletos
Atiram pazadas de carvão
Para as fornalhas das máquinas
Que brincam o fumo
Onde os poetas desenham quimeras de desdém.
Não poeta romântico.
Eu nasci para cumprir outro destino mais novo.
Ser homem apenas sem sangue excepcional
A arder no desejo absurdo
De andar pelas ruas
Vestido de vidro
Para que todos possam ver na minha alma
A dor comum finalmente revelada!
E os sonhos de todos com terra!
E a fome sem estrelas!
E a cólera sem travões!
E a morte sem anjos!
E a revolta sem bandeiras!
E o sol com sol!
Não poeta romântico.
Como queres que compreenda a tua dor de incompreendido
Se só entendo os homens
Quando choram lágrima de terra?
(E nem me entendo a mim?)
-José Gomes Ferreira
Primeiramente, o teatro romântico está, acima de tudo, associado às reformas das instituições que se deram com a derrota do poder absolutista através da Revolução Liberal de 1820. O teatro é restaurado e é criada uma escola de historiadores.
Destacam-se novamente, no teatro romântico português, “Almeida Garrett e Alexandre Herculano, patriotas de alma e coração que se dedicam á reconstrução da pátria através da Literatura.”[5]
No romantismo assiste-se á rotura da lei das 3 unidades do teatro clássico: tempo, espaço e acção. O texto começou a ser escrito em prosa, e não em verso. O teatro romântico procura transmitir e dar a conhecer os problemas humanos, morais e sociais da época.
Um bom exemplo do teatro romântico em Portugal é Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett (1843). Esta peça é considerada um drama romântico porque não é escrito em verso, não obedece à lei das 3 unidades, porque não existe um coro e porque uma das personagens morre em cena. A peça está dividida em três actos e tem algumas coisas em comum com a tragédia: as personagens são nobres e poucas, a linguagem é erudita e existem quatro elementos trágicos (pathos, clímax, híbris e catarse).
Um dos temas mais importantes da peça é a liberdade de amar, dificultada pelas convenções sociais da época.
Durante a época do Romantismo, a música, passa por um período que chamamos de Era Romântica. Enquadra-se entre o ano 1815 até ao início do século XX. Nela estão incluídas todas as músicas escritas durante este período e que se enquadram dentro das normas estéticas do período romântico.
O romantismo musical em Portugal tem como autores os compositores Augusto Machado e José Viana da Mota.
A música romântica é caracterizada pela sua flexibilidade e pela procura de transmitir um sentimento, sem dar qualquer importância á estética. O romantismo conduziu a música a uma actividade de expansão e exagero, relacionado com as proporções, a forma e o efeito orquestral.
Durante este período foram feitas comparações entre a música e a poesia. Foi criada uma base para a composição e interpretação da música e houve um crescente interesse nas melodias, e também na composição das mesmas. A orquestra sinfónica foi desenvolvida, enriquecida e diversificada, com obras cada vez mais complexas e os instrumentos passaram a ser procurados pelo seu timbre e pela sua cor.
Em Portugal, os compositores românticos tentaram desenvolver e aperfeiçoar as suas melodias á semelhança de outros compositores famosos da Europa, como por exemplo Franz Haydn, Mozart e Beethoven. Procuraram uma maior fluência e movimento e um maior contraste nas músicas.
Nas músicas da era romântica, “a mudança de tom acontecia de maneira mais brusca que no Classicismo e as modulações ocorriam entre tons cada vez mais distantes. As propriedades dos acordes de sétima diminuta, que permitem modular a praticamente qualquer tonalidade, foram exploradas exaustivamente.”[6]
Podemos concluir com este trabalho que o Romantismo provocou o impulso da história e da escrita, sendo completamente o oposto da corrente anterior – o Classicismo - representa, na literatura e na arte em geral, os anseios da classe burguesa que, na época, estava em ascensão.
Esta «nova maneira de sentir» desenvolveu-se através de toda a Europa.
O Romantismo impulsionou a criação de obras importantíssimas que hoje em dia nós estudamos. A maioria dessas obras permite-nos conhecer o passado, visto que se tratam de romances históricos porque nem todos os românticos escreviam para libertar a alma, alguns escreviam para relatar factos.
É claro que tinha de haver condições para o Romantismo surgir. A Revolução Liberal que acabou com o absolutismo criou uma enorme atmosfera de tristeza, lamentações, enfim, de desgraça.
No entanto, não basta apenas o ambiente para explicar as origens do Romantismo, foi preciso haver pessoas que dessem andamento a esse movimento. Foram nomeadamente poetas, músicos, dramaturgos, e por aí fora, que eram pessoas mais sensíveis às condições que havia, daí que o Romantismo seja de alma dramática.
Foi muito interessante fazer este trabalho, especialmente porque foi feito em grupo, e em grupo divertimo-nos mais e partilhamos as ideias e opiniões.
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[1] Http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo#Origens
[2] COUTO, Célia Pinto do e ROSAS, Maria Antónia Monterroso – O Tempo da História. Volume II, 1ª Edição, Porto, Porto Editora, página 149.
[3] COUTO, Célia Pinto do e ROSAS, Maria Antónia Monterroso – O Tempo da História. Volume II, 1ª Edição, Porto, Porto Editora, página 150.
[4] COUTO, Célia Pinto do e ROSAS, Maria Antónia Monterroso – O Tempo da História. Volume II, 1ª Edição, Porto, Porto Editora, página 152.
[5] Http://lithis.net/p.php?id=21
[6] Http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_rom%C3%A2ntica