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Trabalho que consiste num comentário à afirmação "Os Lusíadas: uma afirmação de fé e orgulho nas capacidades do Homem" - Português (12º ano)...
Luís de Camões nos Lusíadas propõe cantar “o peito ilustre lusitano”. Que terá levado o poeta a empreender esta tarefa? O ter reconhecido que os portugueses deram mostra de uma determinação e de uma valentia “Mais do que prometia a força humana”, sendo por isso dignos de um louvor sem medida, superior ao que tinham recebido os heróis da antiguidade: “cale-se tudo o que a Mussa antiga canta, que um valor mais alto se alevanta”. Esta é a razão que levou Camões a escrever os Lusíadas; fê-lo com gosto e orgulho de quem sabe pertencer também a esse “peito lusitano”.
Os portugueses não se mostraram aventureiros ao enfrentar o desconhecido dos oceanos: o aventureiro lança-se ao perigo sem pensar nele, quase instintiva e irracionalmente. Não foi isto o que se passou com os portugueses. Eles sabiam antes de partir, e sobretudo à partida os perigos e as dificuldades que os esperavam. Sabiam-no bem, e se o não soubessem lá estava o “Velho do Restelo” para lho lembrar: cuja voz no mar ouviram claramente. A determinação deles era tão firme que não pensaram duas vezes em ir por diante, apesar desta prudente advertência do “venerando velho”.
Tiveram ocasião de experimentar a verdade deste aviso, quando a meio da viagem enfrentaram o Adamastor. Também aqui deram prova da sua determinação: não se assustaram, nem encolheram de medo ao ver e ouvir as ameaças do terrível monstro. Pelo contrário, enfrentaram-no corajosamente pedindo-lhe que se identifica-se, recusando-lhe quaisquer satisfações. “Quem és tu?”, isto bastou para que quem lhes surgira para meter medo, desaparecesse e se sumisse, metendo pena. Não fora a coragem e determinação dos portugueses e a viagem teria terminado ali, sem chegar ao fim.
E também quase à chegada à Índia, deram provas uma vez mais da fé inquebrantável com que tinham partido a dilatar a “fé e o império”. Refiro-me à tempestade. Agora era o próprio mar que se levantava contra os marinheiros tentando engoli-los. Souberam enfrentar o perigo e tomar as medidas oportunas para resistir. Só desistiram denominados mas não vencidos quando humanamente nada mais se poderia fazer. Mas ainda que, se lhes bastou a grande fé e determinação com que optariam alcançar a Índia: “Vendo Vasco da Gama … que nenhum Remédio lhes valia, chama aquele Remédio santo e forte, que o impossível pode”.
Existem três momentos que provam bem a fé ou determinação com que os portugueses empreenderam a viagem à Índia. Foi difícil, eles sabiam-no mas foram em frente causando admiração, não só a Camões, que os quis contar nos Lusíadas, mas até aos próprios deuses, como hiperbolicamente o poeta mostra em vários episódios do maravilhoso pagão: “Consílio dos Deuses” e “Ilha dos Amores”.
Foi por isso que Camões, que se define como aquele que tem ”numa mão a espada, noutra a pena” houve por bem, ele que com a sua espada fez o mesmo trajecto de Vasco da Gama, com a sua pena quis engrandecer e imortalizar os que se tinham aventurado “Por mares nunca dantes navegados”.