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Os Maias - Jantar na Casa dos Gouvarinhos - NotaPositiva

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Os Maias – Jantar na Casa dos Gouvarinhos

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Resumo do trabalho

Trabalho escolar sobre o Capítulo "Jantar na casa dos Gouvarinhos", do romance Os Maias, escrito por Eça de Queirós (Português - 11º ano).


Resumo do Capítulo

Ega regressa a Lisboa, instala-se no Ramalhete e confidencia a Carlos que a Condessa de Gouvarinho, fala constantemente, irresistivelmente e imoderadamente dele e conta-lhe que o casal os convidou para jantar na segunda-feira. Na segunada-feira seguinte Carlos e Ega, dirigem-se a casa dos Gouvarinho, Ega aproveita para lhe perguntar sobre o seu romance com a brasileira, e diz a Carlos que soube do romance através de Dâmaso. Carlos conta-lhe a verdade sobre o romance, embora não se abrindo em relação aos seus sentimentos pela rapariga.

Entretanto, durante o jantar a própria Gouvarinho toca no assunto do romance de Carlos com a brasileira deixando Carlos com a sensação que já todos sabem do romance; a Condessa fica “amuada” com Carlos e dá toda a atenção a Ega; o Conde denuncia a sua ignorância e falta de memória; Sousa Neto, acossado por Ega, revela-se ignorante. Já reconciliada com Carlos, a Condessa simula um exame médico rápido ao filho e marca um encontro amoroso com ele.

Na tarde seguinte, em visita a Maria Eduarda, Carlos declara-lhe o seu amor, que é correspondido, e ambos beijam-se pela primeira vez. Mediante  o desejo de Maria Eduarda de viver num lugar mais recatado, longe da coscuvilhice dos vizinhos, e com espaço livre para Rosa brincar, Carlos compra a Quinta dos Olivais a Craft, Afonso aprova o investimento, desconhecendo, contudo, o verdadeiro motivo do mesmo. Carlos conta a Ega o seu romance com Maria Eduarda e a sua intenção de fugir com ela; Ega pensa para ele próprio que esta mulher seria para sempre, o seu irreparável destino.

Intriga Principal

É a relação incestuosa entre Carlos da Maia e Maria Eduarda. Que se desenvolve a par com a crónica de costumes, de maneira a “integrar” ambos na sociedade portuguesa.

Relação entre o capítulo e a intriga principal: É a declaração de Carlos a Maria Eduarda, ou seja, a consumação do incesto (inconsciente).

Crónica de Costumes

Principais episódios ao longo dos quais o narrador faz o retrato da alta sociedade portuguesa do século XIX:

. Jantar do Hotel Central;

. Corridas no hipódromo;

. Jantar dos Gouvarinhos;

. Jornais “A Corneta do Diabo” e “A Tarde”;

. Sarau no Teatro da Trindade;

Reflexões críticas e temas abordados:

Literatura, crítica literária, finanças, atraso intelectual do País, educação, decadência do jornalismo português e corrupção do jornalismo, gosto convencional, provincianismo snob e falta de espírito crítico da sociedade lisboeta.

Jantar em casa dos Gouvarinho

Ambiente marcada pela futilidade e ociosidade da alta burguesia e aristocracia lisboeta; apresenta uma visão crítica relativamente à mediocridade, ignorância e superficialidade da elite social lisboeta, em geral, e à incapacidade da classe política dirigente, em particular. Onde se sobressai Ega, com a sua veia mordaz e impiedosa.

Durante o jantar os grandes temas de conversa são:

  • A educação das mulheres em que Ega diz que ‘’A mulher só devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem.’’ Ao dizer isto está a desprezar as capacidades das mulheres;
  • O atraso intelectual e a falta de cultura dos indivíduos que são detentores de cargos que os inserem na esfera social do poder, e consequentemente do país;
  • O deslumbramentos pelo estrangeiro.

O  jantar do Hotel Central e o jantar dos Gouvarinho

Jantar do Hotel Central:

• Objectivos:

– Homenagear o banqueiro Jacob Cohen;

– Proporcionar a Carlos um primeiro contacto com o meio social lisboeta;

– Apresentar a visão crítica de alguns problemas;

– Proporcionar a Carlos uma visão de Maria Eduarda.

Jantar dos Gouvarinho:

• Objectivos:

– Reunir a alta burguesia e aristocracia;

– Reunir a camada dirigente do País;

– Radiografar a ignorância das classes dirigentes.

  • O jantar no Hotel Central permite abordar a crítica literária e a literatura, a situação financeira do país e a mentalidade retrógrada.
  • No Jantar dos Gouvarinho, as conversas permitem abservar a degradação dos valores sociais, o atraso intelectal do País, a mediocricidade de algumas figuras  da alta burguesia e da aristocracia.
  • O jantar dos Gouvarinho trata-se de uma reunião semelhante ao jantar no Hotel Central, onde persiste o aparato exterior a contrastar com a ignorância das classes dirigentes do País.

Personagens

A sua função na obra:

  • João de Ega – Naturalismo e o Realismo;
  • Condessa de Gouvarinho – Adultério e futilidade;
  • Conde de Gouvarinho – Política (deputado);
  • Sousa Neto – Administração Pública.

A função na obra de outras personagens que não estão presentes neste capítulo:

  • Alencar – Ultra-Romantismo;
  • Cohen – Finanças (burguesia poderosa);
  • Raquel Cohen – Adultério;
  • Craft – Educação Inglesa;
  • Cruges – Talento não reconhecido;
  • Dâmaso – Egocentrismo, exibicionismo dos novos ricos, decadência moral...; (defeitos da sociedade)
  • Eusebiozinho – Educação tradicional;
  • Palma “Cavalão” e Neves – Jornalismo corrupto;
  • Rufino – Oratória superficial.

Carlos da Maia

Protagonista da obra, é filho de Pedro da Maia mas, após o suicídio do pai, vai viver com o avô que lhe proporciona uma educação à inglesa. Apesar de ter sido educado para ser capaz de enfrentar todas as contrariedades, a sua vida fracassou, devido a ter tido uma educação baseada apenas em valores físicos e espirituais. Mas também devido ao meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos, e por outro lado devido a aspectos hereditários – a fraqueza e cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade e o espírito boémio da mãe.

Retrato físico:

. Estatura alta;

. Bem constituído;

. Ombros largos;

. Olhos negros;

. Pele branca;

. Cabelos negros e ondulados;

. Barba fina, castanha escura, pequena na face e aguçada no queixo.

“(…) e os olhos dos Maias, aqueles irresistíveis olhos do pai, de um negro líquido, ternos como os dele e mais graves.”

“(…) o que lhe dava, com o bonito bigode arqueado aos cantos da boca, uma fisionomia de belo cavaleira da Renascença.”

Traços psicológicos:

. Culto e bem educado;

. Gostos requintados;

. Corajoso e frontal;

. Amigo e generoso;

. Cosmopolita;

. Sensual;

. Diletante;

. Vítima da hereditariedade: gosto exagerado pelo luxo (mãe) e tendência para o sentimentalismo (pai).

“Mas tinha nas veias o veneno de diletantismo: e estava destinado, como dizia João da Ega, a ser um desses médicos literários que inventam doenças de que a humanidade palpava se presta logo a morrer!”

Maria Eduarda

Ignorando a sua verdadeira identidade, entra na sociedade lisboeta pela mão de Castro Gomes, com quem partilhava a sua vida, havia três anos. É em Lisboa que se dá o infortunado encontro com Carlos que consuma a desgraça predita por Vilaça, quando Afonso resolve habitar de novo o Ramalhete, ignorando as suas lendas e agouros. A súbita revelação da verdadeira identidade da sua deusa vai provocar em Carlos estupefacção e compaixão, posteriormente o incesto consciente, e depois deste a repugnância. A separação é a única solução para esta situação caótica a que se junta a morte de Afonso. No final da obra, parte para Paris onde mais tarde se casa com Mr. de Trelain.

Retrato físico:

. Estatura alta;

. Cabelos Loiros;

. Pele branca;

. Mulher bem feita;

. Sensual mas delicada;

. Simples.

“(…) uma senhora alta,

loira, com um meio véu

muito apertado e muito

escuro que realçava o esplendor da sua carnação ebúrnea. (…) com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de oiro, e um aroma no ar.”

Traços psicológicos:

. Requintada;

. Culta;

. Dignidade;

. Sensatez e equilíbrio;

. Generosidade;

. Forte consciência moral e social;

. Ideologia progressiva e pragmática.

João da Ega

É o grande companheiro e confidente de Carlos da Maia. É o responsável pela apresentação de Carlos à sociedade lisboeta (através do jantar que organiza no Hotel Central) e tem, também, um papel fundamental na intriga principal, visto que é ele a que Guimarães entrega o cofre com a verdade. Tal como Carlos, é um dândi e um diletante, sendo, no entanto, muito mais exuberante e excêntrico. Desenvolve uma paixão avassaladora com Raquel Cohen, que termina com a sua expulsão de casa da amante, pelo seu marido.

Retrato físico:

. Magro;

. Pescoço esganiçado;

. Tinha um monóculo;

. Bigode arrebitado;

. Nariz adunco.

Era um retrato de Eça.

Traços psicológicos:

. Intelectual;

. Irreverente;

. Revolucionário;

. Boémio;

. Excêntrico e exagerado;

. Provocador;

. Sarcástico;

. Crítico;

. Anarquista sem moral e sem Deus;

. Positivista e romântico.

Conde de Gouvarinho

É ministro e par do Reino, personagem-tipo que representa o político incompetente. Casou com a filha de um comerciante rico do Porto, aliando o seu título ao dinheiro dela, pelo que é um casamento de conveniência.

Retrato físico:

. Tinha um bigode encerrado e uma pêra curta;

Traços psicológicos:

. Ignorante;

. Incompetente;

. Fútil;

. Vaidoso;

. Maçador.

Condessa de Gouvarinho

É uma mulher fútil que despreza o marido pelo seu fraco poder economico e desenvolve uma paixão por Carlos (até este se enfastiar e resolver abandoná-la). É uma personagem-tipo, simbolizando as mulheres adúlteras. É uma aristocrata que corporiza a decadência moral e a ausência de escala de valores da alta sociedade.

Retrato físico:

. Olhos escuros e finos;

. Cabelos crespos e ruivos;

. Nariz petulante e boca larga;

. Pele clara, fina e doce;

. Bem feita.

Traços psicológicos:

. Fútil;

. Adultera;

. Imoral;

. Sem escrúpulos;

. Sensual;

. Provocante.

Sousa Neto

É representante da Administração Pública. É um homem ignorante, desconhece o sociólogo Proudhon, defende a imitação do estrangeiro, acompanha as conversas sem intervir, acatando todas as opiniões alheias, mesmo que absurdas. É uma personagem-tipo da burocracia, tacanhez intelectual e ineficácia da Administração.

Condessa de Gouvarinho e Maria Eduarda

Condessa de Gouvarinho: . “Brilhava mais e melhor que todas na imaginação de Carlos.”; . Tem um casamento falhado, desprezando o marido pelo seu fraco poder económico; . Procura Carlos, com a desculpa de que o filho está doente. . Carlos acaba tudo com ela, por esta ser fútil. Maria Eduarda: . Era vista por Carlos como uma deusa; . Escolhe a maneira mais fácil de subir na vida, juntar-se com homens ricos; . Usa a “doença” da Miss Sara, para Carlos ir a sua casa, e este aproveita. . Afastam-se depois de saberem do incesto.

Visão crítica da sociedade portuguesa

A par da intriga principal, encontramos a crónica de costumes, que funciona como caracterização da sociedade portuguesa, assumindo a forma de critica  e sátira social, revelando os defeitos sociais que impedem o progresso e a renovação das mentalidades.

As características mais marcante são a falta de visão histórica e cultural, a ausência de espírito critico, apatia e ociosidade e a importação de modas estrangeiras.

Analogia com a actualidade

A sociedade descrita e retratada por Eça está, ainda hoje, “à solta”.

A crítica que Eça faz à sociedade do século XIX, caracterizando-a como uma sociedade corrupta, fútil, superficial, ignorante, procurando agitar as ideias sociais, políticas e literárias, constitui uma verdadeira caricatura da sociedade portuguesa da época, conservando-a até à actualidade, apesar dos contextos serem um pouco diferentes.



374 Visualizações 03/10/2019