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Composição sobre a Peste Negra no séc XIV, realizada no âmbito da disciplina de Português (8º ano)...
- Chamo-me Maria e tenho 19 anos. Sou freira. E tu? - perguntei a um menino que estava sozinho. A sua família tinha morrido.
- Chamo-me Tiago e tenho 7 anos. Estou com medo. O que se passa?
- Bem, Tiago, dizem que a peste foi trazida pelos marinheiros.
- Eu cá acho que isto é tudo um castigo de Deus! Estamos todos a pagar pelos nossos pecados! - interveio uma senhora idosa.
- Tiago - continuei - esta peste faz com que o nosso corpo fique coberto de manchas negras. Algumas pessoas até atingem febres altas e cospem sangue. Vem comigo, vamos dar um passeio pela aldeia e depois vens comigo para a igreja.
- Está bem. - respondeu ele.
Íamos a caminhar pela aldeia, quando vimos uma senhora a chorar. Ela estava com o filho nos braços e, segundos depois, atirou-o pela janela.
- Minha senhora, o que está a fazer?!?! - perguntei-lhe.
- O meu filho está com manchas no corpo. É da peste! É da peste! - gritou a senhora.
Dramas como este aconteciam todos os dias. Toda a aldeia está preocupada. A pequena aldeia está a ficar desabitada. Os homens e mulheres já não trabalham porque pensam que vão morrer.
Toda a minha família está preocupada. Nenhum de nós aparenta possuir a peste, mas sabemos que pudemos morrer a qualquer altura e a angustia é muita.
Há homens a expulsar mulheres de casa, mães a abandonar os filhos, e vice-versa.
- Para que serve esta fogueira? - perguntou-me o Tiago, apontando para uma fogueira situada no centro da aldeia.
- Bom, há quem pense que, queimando plantas odoríferas, se pode combater a peste.
- E funciona?
- Há quem acredite que sim. Há quem já não acredite em nada. Há quem já nem tenha esperança de vida.
- A nossa população está a voltar-se para a magia! - grita um senhor.
- Vendo ervas e poções! - propaga um vendedor.
- Eu tenho amuletos! - grita outro.
- Para que servem os amuletos, as ervas e as poções? - perguntou-me o Tiago, perturbado.
- Acredita-se que todas estas magias podem proteger-nos da peste. - expliquei-lhe.
- Toda esta magia não vai conseguir combater a vontade de Deus! - disse uma mulher.
- Reze, reze muito. - disse-lhe - Todos sonhamos no dia em que isto acabe.
- Maria! Maria! Vem rápido! - chamou-me o meu irmão.
Peguei na mão do Tiago e corri na sua direcção.
Vi o meu pai deitado numa cama.
- O que se passa meu pai?
- Minha filha, cuida de ti, reza, reza muito. Reza por toda esta população e ajuda, ajuda sempre os necessitados…
Nesse momento, o brilho dos olhos do meu pai desapareceu.
Os seus pulmões tinham sido atingidos pela peste. O seu corpo não aguentara.
A caminho do enterro, encontrámos imensos corpos abandonados no meio da rua, espalhados, pelos cantos…
Chegámos. Nesse momento, meu irmão também morreu. A peste estava a afectá-lo.
Enterrámo-lo com o meu pai.
Depois do enterro, eu, minha mãe e Tiago, fomos para a Igreja.
A Igreja estava cheia de lençóis espalhados pelo chão. Em cima deles estavam dezenas de corpos, que necessitavam de cuidados.
Eu, como freira, ajudava a tratar deles. Ajudava e rezava para que isto acabasse.
Os seus corpos estavam cheios de manchas. A maior parte dos doentes atingia febres altas e alguns chegavam a delirar.
Era o desespero total. O medo da morte.
Era noite, uma noite escura e fria. Sentei-me no chão. O meu corpo começara a apresentar manhas. Começara a pensar que podia morrer.
Chamei minha mãe e Tiago.
- Mãe, olha o meu corpo. - solucei.
Minha mãe começara a chorar.
- Filha, não me deixes sozinha. - disse ela.
- Trata do Tiago - pedi à minha mãe.
Foi a última coisa que disse. Fechei os olhos.
Morri.