O teu país
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Ficha de Leitura sobre a obra de Anya Peters, "Abandonada", realizado no âmbito da disciplina de Português (9º ano).
Infelizmente o número de sem-abrigo que existe em Portugal tem aumentado cada vez mais, principalmente nas cidades de Lisboa e do Porto.
Segundo a AMI desde 1999, já foram atendidas 5.376 pessoas em situação de Sem-Abrigo.
Será certo ou errado ignorar os mendigos? Será que esse ignoramos não são pessoas como nós?
O sem abrigo não pode continuar a ser considerado como um "corpo estranho no caminho", que está ali por acaso e que se torna necessário e urgente proteger, abrigar, ou imobilizar no espaço. O sem abrigo tem também uma alma, feita de recordações, de sentimentos, de desejos e mesmo de expectativas. Como cidadão, ele tem direitos, aliás, uma realidade que temos frequentemente tendência a esquecer. Ele tem o direito de utilizar os espaços públicos, de deambular nas ruas, de se sentar nos parques, de abordar e falar aos passeantes, ou de se sentar tranquilamente num estabelecimento para tomar um café.
É errado ignorarmos os sem-abrigo, pois não sabemos como será o dia de amanhã, não sabemos se amanhã somos nós ou um familiar nosso a estar na mesma situação que estas pessoas.
Existem, actualmente, centenas de instituições e voluntários grupos de pessoas, que se juntam para poderem ajudar estas pessoas a dar um rumo à sua vida e a tentar refazer a sua vida com alguma estabilidade. Ajudar os sem-abrigo fornecendo-lhes alimentos, agasalhos, cuidados médicos, mas ainda mais importante ajudar estas pessoas a planear um futuro melhor.
O Abuso sexual infantil é um problema terrível da sociedade.
Os motivos do abuso infantil são vários, entre elas, destacam-se o alcoolismo e o uso de drogas ilegais. Muitas vezes, os pais/cuidadores da criança são pobres e/ou possuem pouca educação, e podem tentar impedir o acesso da criança aos serviços médicos necessários, evitando a descoberta do abuso por parte dos médicos.
Quando os abusos sexuais ocorrem na família, a criança pode ter muito medo da ira do parente abusador, medo das possibilidades de vingança ou da vergonha dos outros membros da família ou, pior ainda, pode temer que a família se desintegre ao descobrir seu segredo.
A criança que é vítima de abuso sexual prolongado, usualmente desenvolve uma perda violenta da auto-estima, 
tem a sensação de que não vale nada e adquire uma representação anormal da sexualidade. A criança pode tornar-se muito retraída, perder a confiança em todos adultos e pode até chegar a considerar o suicídio, principalmente quando existe a possibilidade da pessoa que abusa ameaçar de violência se a criança n as crianças abusadas estão aterrorizadas, confusas e muito temerosas de contar sobre o incidente. Com frequência elas permanecem silenciosas por não desejarem prejudicar o abusador ou provocar uma desagregação familiar ou por receio de serem consideradas culpadas ou castigadas. Crianças maiores podem sentir-se envergonhadas com o incidente, principalmente se o abusador é alguém da família.
Mudanças bruscas no comportamento, apetite ou no sono pode ser um indício de que alguma coisa está acontecendo, principalmente se a criança se mostrar curiosamente isolada, muito perturbada quando deixada só ou quando o abusador estiver perto.
O comportamento das crianças pode incluir: problemas durante o sono, não querer ir á escola, rebeldia, não querer estar com os amigos, medo de se deslocar a determinados locais, agressividade excessiva e por vezes, comportamentos suicidas.
Devemos estar atentos e denunciar situações de violação sexual e de abuso. E ter em atenção quando o caso é com crianças, pois estas podem ficar traumatizadas para sempre.
Abandonada pela mãe verdadeira ao nascer, Anya vai viver para casa dos seus tios, aos quais chama de “mamã” e “papá”.
Nos seus primeiros cinco anos de vida, Anya vive uma infância feliz que um ano depois se torna um horror. Anya começa a ser mal tratada e humilhada pelo tio e pelos seus primos, na ausência da mamã.
O tio manipulador e possessivo torna-se descuidado começando a violar as suas enteadas (filhas da sua esposa) Marie e mais tarde Sandrs. Fartas de todos os tormentos e humilhações acabaram por sair de casa, o mais rapidamente possível, sem nunca revelar este segredo que poderia causar uma tragédia. Anya assistiu várias vezes as violações sem nunca poder dizer nada, nem perguntar o que se estava a passar, não sabia o que o tio lhe era capaz de fazer.
Quando Marie e Sandra saiem de casa, o tio de Anya começa a viola-la, os seus primos rapazes descobrem o que se estava passar e começam a chama-la de “prostituta”. Depois disto, Anya não consegue aguentar todos estes segredos e acaba por ter de os revelar. Anya com muito medo, foi ao emprego da mamã a chorar, com um dos seus primos mais novos e revelou a verdade, uma verdade que já devia ter sido revelada à seis anos atrás. E então, a mamã, a única pessoa que sempre amou e cujo afecto a ajudara a suportar aquela existência de terror, decide fazer queixa na polícia, do seu marido e este acabou por ser preso.
Anya era filha de um homem casado, mas que sempre a ajudou. Decidido a que a filha tivesse uma filha melhor, colocou-a num colégio interno, no qual permaneceu durante a sua adolescência.
Infeliz com a sua vida no colégio, Anya quis viver novamente com a mamã, que já estava a viver com o tio de Anya, que tinha saído da prisão.
Triste e desiludida, Anya percebe que realmente não pertence a lado nenhum e que o lugar dela também não é ao lado da família que cuidou dela e que a acolheu desde que ela nasceu.
Foi, então, que o seu pai lhe alugou um apartamento, para ela poder ter uma vida estável, Anya decide continuar a estudar e tirar um Curso Superior de Direito e formou-se com muito sucesso. Tornou-se uma óptima advogada.
Na universidade, Anya conheceu um rapaz chamado Neil, com o qual teve uma relação estável que durou cinco anos. Foi uma época muito feliz da vida de Anya, Anya chegou mesmo a emprestar dinheiro a Neil para ele abrir um negócio.
Anya voltou a viver novamente sozinha e tinha uma vida tranquila e perfeitamente normal, tinha um emprego, muitos amigos, era uma boa advogada e muito inteligente.
Mais tarde, Anya envolveu-se com Craig que era um homem sensível, compreensivo, sabia ouvir e dar conselhos, mas tinha mais uns vinte anos que Anya, ela sempre o tinha visto como um pai, mas as coisas tinham mudado. Pouco depois, a relação começou a assumir contornos de descontrolo total. Craig tinha se tornado cada vez mais abusador em termos mentais e foi aí que o mundo de Anya desabou por completo. Um relacionamento na vida dela nunca iria funcionar.
Depois de Anya ter assistido ao horror por que a mamã passara, Anya jurou que nunca entraria em qualquer tipo de situação de abuso, mas ficou tão fragilizada, vulnerável e dependente que tinha medo de deixar Craig.
Determinada a dar um novo rumo à sua vida, despediu-se no seu emprego e saiu de Londres com as suas economias que tinha juntado ao longo dos anos e foi andando de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, de país em país sem lugar certo onde ficar.
Fragilizada e deprimida, Anya não tinha mais dinheiro, nem sítio onde ficar e acabou por começar a dormir no seu carro, a ir tomar banho às escondidas nos hotéis e balneários públicos e a comer produtos enlatados todos os dias. Noite após noite Anya mudava de rua para nãos ser reconhecida pelas pessoas que moravam e que passavam por aquelas ruas pouco movimentadas.
Anya começou a perceber que a sua vida não estava bem e algo se passava, a realidade é que se estava a tornar numa sem abrigo, Anya admitiu-o e procurou ajuda num centro de acolhimento, sem nunca falar muito, sobre como estava naquela situação e sem falar no seu passado, aproveitou a ajudou e lá podia tomar banho, comer refeições saudáveis, mas sem abusar, pois Anya sentia que aquelas pessoas lhe estavam a fazer favores e que mais tarde iria ter de retribuir, Anya achava que lá era olhada um pouco de lado. E não tardou muito, até voltar a ficar no seu carro, a tomar banho em hotéis e a comer batatas fritas no seu carro.
Mais tarde, Anya sentiu necessidade de falar com alguém e através do seu computador portátil criou um blog, no qual começou a contar a sua vida, não demorou muito até que o blog de Anya chamasse à atenção da BBC e da New York Times e se torna-se num livro (Abandonada).
Actualmente, Anya não é uma sem abrigo, mas sim uma escritora com o pseudónimo Anya Peters.
Para contar a história desta obra é necessário contar a história de um blog, intitulado wanderscribe, da autoria de uma menina que ninguém queria.
Não tardou muito até que esse blog chamasse à atenção do BBC e do New York Times, e daí até conseguir um contacto desta mulher, foi um pequeno passo. No livro, agora assinado, Anya Peters conta a história da vida que a levou até ao presente que relata no blog, com contornos chocantes e poucos momentos de alegria.
Esta obra aborda temas preocupantes na sociedade actual, como: Os abusos sexuais infantis e a triste realidade dos sem-abrigo.
Esta história é extremamente comovente, dá uma visão realista do mundo dos sem abrigo, tantas vezes ignorado, fornece também uma visão do interior da alma de uma criança que sofreu os piores abusos possíveis.
Recomendo a sua leitura, já que é uma história verídica e muito impressionante. .
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