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Trabalho escolar sobre A Vida e Obra de Gil Vicente, realizado no âmbito da disciplina de Português (9º ano).
Gil Vicente é considerado o primeiro grande dramaturgo português. Alguns identificam-no com ourives, autor da Custódia de Belém, com o mestre de retórica do rei Dom Manuel.
Sabe-se que Gil Vicente não se limitou a escrever peças de teatro, era também músico, actor e encenador. É considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico, visto que escrevia em castelhano.
A sua obra é vista como um reflexo da mudança dos tempos, da passagem da Idade Média para o Renascimento. As hierarquias e regras rígidas eram tidas em consideração em cada uma das suas obras, salientando assim o facto da mudança para uma sociedade onde se começa a demolir a ordem instituída ao questioná-la.
Considerado o principal representante da literatura, a sua escrita influenciou a cultura popular portuguesa.
Gil Vicente permanece um mistério em relação à sua naturalidade e data de nascimento. Aquela que se acredita ser a data mais aproximada do seu nascimento é 1466, no entanto, desde de 1965, quando decorreram festividades para comemorar o quincentenário do nascimento do mesmo, que se aceita de forma quase que unânime a data de 1465 como sendo a correcta.
Quanto à sua terra natal, alguns afirmaram ser Barcelos (Frei Pedro de Poiares), outros Guimarães (Pires de Lima) devido à sua história ligada a joalheiros, ou mesmo Lisboa. Porém, outros defendem a possibilidade de as Beiras serem o verdadeiro local de nascimento do dramaturgo. Em nenhuma das suas obras referencia Barcelos ou Guimarães, mas sim dezenas de elementos relacionados com as Beiras. O conhecimento que Gil Vicente demonstra daquela região é bastante profundo, o que leva a crer que seja essa a sua naturalidade.
Morreu em local desconhecido, talvez em 1536, pois é a partir dessa data que deixam de existir referências ao seu nome, deixando de escrever desde essa mesma data.
Surge a dúvida se Gil Vicente foi ou não um comerciante de ouro, visto que cada livro publicado defende a veracidade deste facto ou não.
Um estudo de Sanches de Baena mostrava a genealogia distinta de dois indivíduos de nome Gil Vicente. Brito Rebelo comprovou a inconsistência histórica destas duas genealogias utilizando documentos da Torre do Tombo.
Gil Vicente casou com Branca Bezerra, de quem nasceram Gaspar Vicente (morreu em 1519) e Belchior Vicente (nascido em 1505). Casou depois com Melícia Rodrigues, que deu à luz Paula Vicente (1519-1576), Luís Vicente e Valéria Borges.
O seu primeiro trabalho conhecido (Auto da Visitação, também conhecido como o Monólogo do Vaqueiro), foi apresentado nos aposentos da rainha D. Maria para celebrar o nascimento do príncipe. Este acontecimento ocorreu no dia 8 de Junho de 1502 e contou com a presença de D. Leonor, viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do rei.
Tornou-se o responsável pela organização dos eventos realizados no palácio. Impressionada com o seu desempenho, D. Leonor pediu a repetição da peça pelo Natal, ao que Gil Vicente reagiu de forma inesperada. Ao constatar que a ocasião merecia outro tipo de tratamento, escreveu o Auto Pastoril Castelhano . Perante o interesse de D. Leonor, que se tornou a sua protectora nos anos seguintes, Gil Vicente ganhou a noção de que o seu talento lhe permitiria mais do que simplesmente adaptar peças para as diferentes ocasiões.
Se foi de facto ourives, a sua obra-prima foi a Custódia de Belém, construída para o Mosteiro dos Jerónimos, em 1506.
São poucas as datas que se conseguem apurar relativamente a Gil Vicente. Em 1511 terá sido nomeado vassalo de el-Rei, um ano depois, representante da bandeira dos ourives na “Casa dos Vinte e Quatro”. Em 1513, o mestre da balança da Casa da Moeda, também de nome Gil Vicente (não se sabe se será ou não o mesmo) foi eleito para representar os mestres junto à vereação de Lisboa.
Dirigiu os festejos em honra de D. Leonor, a terceira mulher de Dom Manuel, no ano de 1520 antes de servir D João III, conseguindo o prestígio do qual se aproveitaria para rebaixar o clero e a nobreza, ou mesmo o monarca.
O teatro português não nasceu com Gil Vicente. Esse mito justifica-se pela importância inegável do autor no contexto literário peninsular.
A verdade é que mesmo no reinado de Sancho I, dois dos actores mais antigos portugueses (Bonamis e Acompaniado) realizaram espectáculos, tendo sido pagos pelo rei com doações de terras.
No entanto, pouco restam dos textos dramáticos pré-vicentinos, o que aumenta consideravelmente a importância de Gil Vicente. Na verdade, julga-se que possível que ele próprio tenha assistido a algumas destas apresentações.
Porém, superou-as em mestria e em profundidade.
A obra de Gil Vicente segue os padrões do teatro ibérico popular e religioso, mas de uma maneira muito mais profunda, tendo uma grande variedade de formas: o auto pastoril, a alegoria religiosa, narrativas bíblicas, farsas episódicas e autos narrativos.
Seu filho, Luís Vicente, classificou as obras de seu pai em autos, mistérios, farsas e em comédias e tragicomédias. No entanto, qualquer classificação é redutora, visto que as várias categorias se englobam umas nas outras.
Retratou a sociedade portuguesa do séc. XVI com uma capacidade muito apurada ao observar e traçar o perfil das personagens. Considerado um dos mais importantes autores satíricos da língua portuguesa, usa uma quantidade de personagens extraídos do fantasma social português (marinheiros, ciganos, camponeses, fadas e demónios) e também referencias a dialectos e linguagens populares.
Como aspectos positivos são geralmente apontados a imaginação e originalidade; o sentido dramático e o conhecimento do meio onde vive. No entanto, alguns consideram que a sua originalidade e sentido crítico perde em requinte. De facto, Gil Vicente exprime-se de forma simples e directa, sem rodeios. Acima de tudo, a sua versatilidade é apreciada. Num segundo pode considerar-se uma alma rebelde, impiedosa e malévola e no outro, um tolo bobo da corte.
Transmitindo uma versão do mundo em que tudo se aproxima do Platonismo, Gil Vicente escreve sobre a existência de dois mundos: o Mundo Primeiro, da serenidade e do amor divino que leva à paz interior, ao sossego e a uma resplandecente glória, e o Mundo Segundo, o que retrata nas suas farsas, mundo todo ele falso e cheio de pecado, onde as injúrias e traições são comuns a todos os seres.
Gil Vicente utiliza também o contraste nos elementos teatrais ( a luz contra a sombra, as trevas iluminando a glória divina da maternidade, etc)
Aqui estão algumas das suas tão galardoadas obras: