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Processos Fundamentais da Cognição Social - NotaPositiva

O teu país

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Henrique Silva

Escola

[Escola não identificada]

Processos Fundamentais da Cognição Social

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Resumo do trabalho

Trabalho sobre processos fundamentais da cognição social (impressão, expectativas, atitudes, representações sociais), realizado no âmbito da disciplina de Psicologia (12º ano).


Processos Fundamentais da Cognição Social

Grande parte da nossa vida desenrola-se e organiza-se no contexto de instituições sociais que orientam o nosso comportamento. Para além disso, a maior parte das interacções sociais são orientadas por factores de origem cognitiva que organizam a forma como entendemos as situações. Os indivíduos não reagem às situações, mas sim às interpretações subjectivas das mesmas.

Cognição Social – conjunto de processos que estão subjacentes ao modo como encaramos os outros, a nós próprios e à forma como interagimos. A cognição social refere-se ao papel desempenhado por factores cognitivos no nosso comportamento social, procurando conhecer o modo como os nossos pensamentos são afectados e condicionados pelo contexto social imediato e a forma de afectarem o nosso comportamento como membros de uma sociedade.

Processos de cognição social:

  • Impressões;
  • Expectativas;
  • Atitudes;
  • Representações sociais.

Impressões

No primeiro contacto que temos com alguém que não conhecemos, construímos uma imagem, uma ideia sobre essa pessoa, seleccionando alguns aspectos que consideramos mais significativos, ou que realçamos mais tendo em conta a nossa observação: “Tenho a impressão que ela é uma pessoa orgulhosa”. A produção da impressão é mútua, na medida em que o outro também produz uma impressão sobre mim; por outro lado, a minha impressão afecta o meu comportamento para com o outro e, portanto, o seu comportamento para comigo, baseando-nos e partindo do princípio de que as características que denotamos nessa impressão são reais na pessoa.

Somos condicionados por este primeiro encontro e, se mais tarde algumas das características que atribuímos são diferentes, temos tendência a ignorá-las, mantendo a impressão que ficou no primeiro encontro. A formação de impressões é, portanto, o processo pelo qual se organiza a informação acerca de outra pessoa de modo a integrá-la numa categoria significativa.

Impressão e Categorização

Não é possível armazenar toda a informação referente aos  às pessoas com quem contactamos, pois o relacionamento está ou pode estar em constante evolução. Assim sendo, reagrupamo-los em diferentes classes a partir que consideramos serem as suas diferenças e semelhanças – categorização.

Subjacente à impressão está, então, a categorização. No caso das impressões, classificamos a pessoa em categorias a partir dos contactos que temos com a mesma, em  que recolhemos informação proveniente de encontros ou de informação fornecidas por outras pessoas. Esta ideia global com que ficamos vai orientar o nosso comportamento, porque nos fornece um esboço psicológico da pessoa em questão.

Podemos dizer que incluímos a pessoa uma determinada categoria que contempla três tipos de avaliação:

  • Afectiva – gostamos ou não da pessoa;
  • Moral – consideramos a pessoa boa ou má;
  • Instrumental – se é competente ou incompetente.

A forma simplificada como classificamos a pessoa permite comportarmo-nos de forma segura na relação interpessoal. Ao desenvolvermos expectativas sobre o comportamento dos outros através das impressões que formamos, isso possibilita-nos planear as nossas acções, o que nos permite agir de forma conveniente socialmente.

A Formação das Impressões

Na base da formação das impressões está a interpretação, isto é, nós percepcionamos o outro a partir de uma grelha de avaliação que remete para os nossos conhecimentos, valores e experiências pessoais:

  • Indícios Físicos – remetem para características como o facto de a pessoa ser alta/baixa, magra/gorda, que podem remeter para determinado tipo de personalidade;
  • Indícios Verbais – o modo como a pessoa fala surge como um indicador, por exemplo, de instrução;
  • Indícios não Verbais – estes indícios remetem para elementos, sinais, que interpretamos como indicadores: o modo como se veste, como gesticula enquanto fala, são elementos que nos levam a inferir determinadas características;
  • Indícios Comportamentais – é o conjunto de comportamentos que se observam na pessoa e que nos permitem classificá-la. O modo como os comportamentos são interpretados varia de pessoa para pessoa e remetem para as experiências passadas, para as necessidades daquele que os interpreta. Daí que um mesmo comportamento possa ter significados diferentes para indivíduos diferentes.

A partir destes indícios, formamos uma impressão global de uma pessoa, a quem atribuímos uma categoria socioeconómica e cultural, um determinado estatuto social. De notar que um mesmo conjunto indícios pode conduzir a diferentes interpretações.

Teoria Implícita da Personalidade – ideia geral que formamos sobre uma pessoa.

O efeito das primeiras Impressões

A complexidade da formação das impressões decorre do seu carácter e da multiplicidade de factores intervenientes. Solomon Asch conduziu uma investigação em que apresentou a diversos sujeitos uma lista de características de uma pessoa. Em seguida, pediu-lhes que manifestassem a sua opinião acerca das pessoas e, apesar de as características serem as mesmas, avaliaram mais positivamente uma delas porque tinha as características positivas em primeiro lugar.

Concluiu-se que a primeira informação é a que tem maior influência sobres as nossas impressões. Portanto, a ordem com que conhecemos as características de uma pessoa não é indiferente para a formação de impressões sobre ela.

Estes estudos são importantes porque uma das primeiras impressões é a sua persistência, uma vez que mesmo que recebamos informações que contradizem a nossa impressão inicial, temos dificuldade em alterar as nossas convicções – rejeição a integrar informações.

na sua formação: as pessoas mais felizes criam impressões mais positivas que as que estão, normalmente, de mau humor.

Expectativas

Quando conhecemos alguém não nos ficamos apenas com a primeira imagem que resulta desse primeiro contacto: criamos expectativas que decorrem das características que apreendemos nesse encontro. A partir de alguns indicadores, prevemos o seu comportamento e as suas atitudes, isto é, desenvolvemos determinadas expectativas – modos de categorizar as pessoas através dos indício e das informações, prevendo o seu comportamento. As expectativas são mútuas, o outro com quem interagimos desenvolve, também, expectativas em relação a nós.

Neste processo estão envolvidas duas operações básicas: indução e dedução. É pela indução que passamos da percepção à inclusão da pessoa numa categoria. É pela dedução que, a partir do momento em que reconhecemos a categoria a que uma pessoa pertence, passamos a atribuir-lhe determinadas características. Tal como as impressões, as expectativas são facilitadoras da nossa leitura do mundo.

Tal como outros processos cognitivos, as expectativas formam-se no processo de socialização por influência dos nossos valores, crenças e história pessoal. A psicologia social dedica um grande interesse ao estudo das expectativas porque, em certa medida, nós comportamo-nos tendo em conta o que os outros esperam de nós.

Expectativas, Estatuto e Papel

Um exemplo muito claro da importância das expectativas na vida social é-nos dado pelas relações duradouras que se estabelecem entre pessoas como o marido e a mulher. Ao exercer funções respectivas, há um conjunto de expectativas mútuas que regulam essas relações.

A cada estatuto corresponde um papel, isto é, um conjunto de comportamentos que são esperados de um indivíduo com determinado estatuto – complementaridade entre estatuto e papel. Numa sociedade, os papéis sociais prescrevem todos um conjunto de comportamentos-padrão, de tal forma institucionalizados que os seus membros sabem quais as reacções que os seus comportamentos podem provocar – expectativa de conduta.

O efeito das Expectativas

Uma área que tem despertado interesse é a que estuda o efeito das expectativas dos professores relativamente aos alunos, e as suas consequências no processo de aprendizagem.

Robert Rosenthal desenvolveu uma experiência em que os professores foram convencidos de que determinada turma era muito desenvolvida a nível intelectual. Na verdade a turma era composta por elementos aleatórios que, quando foram avaliados, mostravam um rendimento académico superior aos restantes alunos. Numerosos estudos deste investigador mostraram que os professores com expectativas de bons resultados por parte de alguns alunos, tratam-nos de forma diferente. Em resposta, as crianças desenvolvem uma auto-imagem das suas capacidades escolares e trabalham mais – auto-realização das profecias. É o que alguns autores designam por efeito Pigmalião, isto é, as consequências que advêm do processo de profecia.

O efeito de Rosenthal – aprendizagem afectada pelas expectativas dos professores – tem três componentes:

  • Os alunos em que os professores apostam tendem a ter bons resultados;
  • Os alunos de quem não se esperam grandes resultados tendem a sair-se menos bem;
  • Os alunos que fazem progressos, contrariando as expectativas, são vistos negativamente pelo professor.

Atitudes

É muito comum na linguagem corrente fazer equivaler o conceito de atitude ao de comportamento. Contudo, em psicologia social, o termo atitude tem um outro sentido e significado. Uma atitude é uma tendência para responder a um objecto social, de modo favorável ou desfavorável. Assim, não é um comportamento, mas sim um predisposição. Permitem-nos interpretar, organizar e processar as informações.

Componentes das atitudes

  • Componente cognitiva – constituída pelo conjunto de ideias, de informações e crenças que se tem sobre um dado objecto social. É o que consideramos verdadeiro sobre o objecto.
  • Componente afectiva – conjunto de valores e emoções, positivas ou negativas, relativamente ao objecto social.
  • Componente comportamental – conjunto de reacções, de respostas, face ao objecto social. É uma disposição para agir

É a partir de uma informação ou convicção (cognitiva), a que se atribui um sentimento (afectiva), que desenvolvo um conjunto de comportamentos (comportamental).

EXEMPLO

Uma atitude negativa de uma pessoa relativamente ao tabaco pode basear-se numa crença de que há uma relação entre o tabagismo e o cancro de pulmão (cognitiva). Essa pessoa não gosta do fumo e experimenta sentimentos desagradáveis  em ambientes de fumadores (afectiva). A esta atitude estão frequentemente associados comportamentos como não fumar e convencer os outros a não fumar.

Atitudes e Comportamento

As atitudes não são directamente observáveis: inferem-se por comportamentos. Também é possível, a partir de um comportamento, inferir a atitude que esteve na sua origem. Por outro lado, as reacções de uma pessoa face a uma situação podem permitir prever a atitude que lhe está subjacente.

É mais provável uma atitude afectar um comportamento quando esta é forte, relativamente estável, relevante para o comportamento, importante e facilmente retida pela memória. As atitudes baseadas em experiências indirectas, como ter ouvido falar, têm menos influência no comportamento que as baseadas na experiência directa.

Formação e mudança de Atitudes

As atitudes formam-se e aprendem-se no processo de socialização, no meio social onde estamos inseridos.

Agentes sociais – responsáveis pela formação de atitudes – pais e família, escola, grupo de pares e os media. Os pais são como modelos com os quais as crianças se tentam identificar.

Actualmente os media têm muita influência na formação de novas atitudes e reforço das que já existem, tudo isto através de publicidade, telenovelas e filmes. É através da observação, identificação e imitação dos modelos que se aprendem, que se formam atitudes. Esta aprendizagem ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência na infância e adolescência. Isto não significa que depois destas idades as atitudes não possam mudar. Há, no entanto, uma tendência para a estabilidade das atitudes. As experiências vividas pelo próprio podem conduzir à alteração das atitudes.

Dissonância Cognitiva

Leon Festiger, psicólogo social, levou a cabo uma investigação a partir da qual elaborou a teoria da dissonância cognitiva. Sempre que uma informação ou acontecimento contradiz o sistema de representações, as convicções, a atitude de uma pessoa, gera-se um mal-estar e uma inquietação que têm de ser resolvidos: ou se muda o sistema, ou se reinterpreta a informação que o contradiz, ou se reformulam as crenças.

A dissonância cognitiva é um sentimento desagradável que pode ocorrer quando uma pessoa sustenta duas atitudes que se opõem. Por exemplo, uma pessoa gosta de fumar, mas sabe que isso lhe faz mal, está, então, perante uma dissonância cognitiva que lhe pode provocar angústia e inquietação.



291 Visualizações 12/01/2020