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Trabalho escolar sobre a revolução do 25 de Abril de 1974, realizado no âmbito da disciplina de História (9º ano).
O cravo tornou-se no símbolo da Revolução de Abril de 1974; Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, apoiando os soldados revoltosos; alguém (existem várias versões, sobre quem terá sido, mas uma delas é que uma florista contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi vista por um soldado que pôs um cravo na espingarda, e em seguida todos o fizeram), começou a distribuir cravos vermelhos pelos soldados que depressa os colocaram nos canos das espingardas.
O 25 de Abril de 1974 continua a dividir a sociedade portuguesa, embora as divisões estejam limitadas aos estratos mais velhos da população que viveram os acontecimentos, às facções políticas dos extremos do espectro político e às pessoas politicamente mais empenhadas. A análise que se segue refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais. Em geral, os jovens não se dividem sobre o 25 de Abril.
Existem actualmente dois pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em relação ao 25 de Abril.
Quase todos, com muito poucas excepções, consideram que o 25 de Abril valeu a pena. Mas as pessoas mais à esquerda do espectro político tendem a pensar que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que a revolução não tenha ido mais longe e que muitas das conquistas da revolução se foram perdendo. As pessoas mais à direita lamentam a forma como a descolonização foi feita e lamentam as nacionalizações.
Por poucos minutos não assisti, ao vivo, na madrugada libertadora do 25 de Abril, à tomada do Rádio Clube Português. Passei pela rua pouco antes da chegada dos militares, longe de imaginar o que estava prestes a acontecer. Nessa época, entre ensaios e espectáculos no Grupo de Teatro de Campolide, nunca ía cedo para casa.
Já em casa, acordei horas depois com a minha mãe ao telefone. “Já sei da “caldeirada”, ouvi na rádio”- dizia ela ao meu pai que, mal chegara ao trabalho, inquieto com os acontecimentos, telefonou logo para casa a contar o que se passava.
Devo ter pensado cá para mim: Ups, temos caldeirada para o almoço?... Nesses anos de juventude eu não morria de amores por peixe, os meus amores eram outros....
Já desperta, a minha mãe informa-me que um movimento de militares eclodira para derrubar o governo. Confesso que não fiquei muito surpreendido. Pelos círculos do teatro independente por onde andava, em especial depois do fracassado “Golpe das Caldas”, um mês antes (16 de Março), sucediam-se conversas e zunzuns sobre movimentações.
As palavras da minha mãe espantaram-me o sono das poucas horas dormidas. Recordo-me que tive a intuição que aquele movimento era o início de algo maior. A dúvida que me assaltou foi só uma: se o golpe vinha do sector democrático ou dos ultra conservadores de direita que criticavam a abertura marcelista.
Contra todos os avisos maternos de preocupação, saltei para a rua e fui ver a marcha dos acontecimentos, viver a Revolução.
Foi um dia de emoção total, de loucura completa. Observar as movimentações militares, sentir-me irmanado com um mar de gente que enchia as ruas e largos de Lisboa onde se desenrolavam as principais operações, falar com este e com aquele, partilhar informações sobre o que estava a acontecer... Recordo-me que as pessoas falavam todas umas com as outras mesmo sem se conhecerem. Nunca vou esquecer a alegria esfuziante das populações que adivinhavam naqueles acontecimentos a vitória da liberdade com que muitos sonhavam, em segredo, há longas décadas.
Alegria e liberdade são as duas palavras que, para mim, melhor definem o sentimento e espírito daquele dia 25 de Abril, há trinta anos.
Não sei a que horas regressei a casa. Tardias, tenho a certeza.
Mas que interessa as horas? Era o meu primeiro dia de liberdade....