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Catarina Neves

Escola

Escola Secundária Prof. José Augusto Lucas

A Eutanásia (Texto Argumentativo)

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Resumo do trabalho

Trabalho escolar em forma de texto argumentativo sobre a Eutanásia, realizado no âmbito da disciplina de Filosofia (11º ano).


Texto Argumentativo

Para começar, creio ser importante explicar inequivocamente o que é a eutanásia. A eutanásia é a acção deliberada de causar ou apressar a morte de um doente. Esta acção pode ocorrer das seguintes maneiras:

  • Decisão médica de administrar uma injecção letal no doente;
  • Decisão médica de não dar a assistência médica básica ou o tratamento médico padrão;
  • Decisão médica de dar ao doente uma droga ou outro meio que o ajude a cometer suicídio.

Esta escolha, no entanto, tem de ser muito bem deliberada e nunca irreflectida, tanto que as componentes biológicas, sociais, culturais, económicas e psicológicas são avaliadas, contextualizados e pensadas, de forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo, fazendo com que se apresente a impossibilidade de arrependimento.

Mas porquê esta escolha?

A eutanásia é uma opção a ter em conta quando o doente quer acabar com o sofrimento de que é vítima, sem que haja tratamento reversível ou quando a doença é extremamente prolongada e dolorosa, sem boas perspectivas futuras. Apresentando desde já o meu ponto de vista, causar directamente uma morte sem dor de modo a acabar com o sofrimento de vítimas de doenças incuráveis ou desgastantes, é, sem dúvida, uma opção, senão a única, a ter em conta. Noutras palavras, é matar sob a alegação de um sentimento de compaixão. A eutanásia, como o aborto legal, é um método em que matar ou morrer representa uma solução.

Contudo, permitir que uma pessoa morra quando o curso da doença é irreversível e a morte é obviamente iminente por questão de horas ou dias, não é eutanásia. Se o doente estiver lúcido e em condições de se expressar, essa escolha cabe-lhe apenas a ele. Os pacientes têm a liberdade de recusar tratamentos médicos que não lhes trarão cura nem alívio para o sofrimento. Mas quando o doente não está em condições de falar por si mesmo, a família tem o direito de recusar tratamentos caros que não terão nenhum benefício para impedir o andamento da doença.

Também não se tratando de eutanásia, quando os tratamentos não trazem nenhum avanço e só ajudam a adiar a morte inevitável, os médicos podem parar os tratamentos para permitir que o doente tenha uma morte natural. Nenhuma dessas acções é eutanásia. Os médicos têm, no entanto, a responsabilidade de dar conforto ao paciente e permitir que este tenha uma morte pacífica.

Muito frequentemente, quando pensam em eutanásia, muitas pessoas pensam em fuga do sofrimento.

Eu acredito que esse seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida, um caminho consciente, que reflecte uma escolha informada e deliberada, que traduz o fim de uma vida em que quem morre não perde o poder de ser digno até ao fim. São raciocínios que participam na defesa da autonomia absoluta de cada ser individual, na liberdade que temos que assenta e se traduz nas escolhas a que temos direito de fazer. “Your life is the sum result of all the choices you make, both consciously and unconsciously. If you can control the process of choosing, you can take control of all aspects of your life. You can find the freedom that comes from being in charge of yourself.”

Como é muito bem representado no filme Mar Adentro (filme baseado em factos verídicos), o medo de ficar só, de ser um “estorvo”, a revolta e a vontade de dizer não ao novo estado em que se depara - tetraplégico - leva a que Ramon Sampedro (personagem principal do filme) diga “a vida assim não é digna para mim”. Este doente e esses pensamentos levam-no a pedir o direito a morrer com dignidade, afirmando que “viver é um direito, não uma obrigação”. Tem-se entendido a morte com dignidade como morrer com conforto físico, emocional, psicológico e espiritual, fornecido por profissionais de saúde competentes em conjunção com familiares e se possível vivendo os seus últimos dias em casa, com uma boa qualidade de vida.

Muitas pessoas entendem esta escolha como uma maneira de desistir, Eu entendo-a como uma amostra de coragem. Não querendo nunca comparar a eutanásia ao suicido (sendo isto sim, desistir), acabar não só com o sofrimento da própria vítima, acabando também com o sofrimento dos seus familiares, já que estes assistem a todo o doloroso processo da vítima, do definhar, do lento caminhar para a morte, restando sempre uma esperança no fundo de cada um, que na maioria das vezes se torna em mágoa e desilusão, prolongando o sofrimento, denota este acto, irremediavelmente, como uma grande prova de coragem e altruísmo.

A palavra grega “eutanásia”, literalmente, significa “morte bonita” ou “morte feliz”.

E quem é que poderia ser contra o desejo de morrer bem e feliz?



241 Visualizações 07/12/2019