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Resumo/Apontamentos sobre o tema "A Lógica", realizado no âmbito da disciplina de Filosofia (10º ano de escolaridade).
Lógica: é o estudo das inferências ou argumentos válidos -> Raciocinar
Argumento: é um conjunto de proposições organizadas tendo em vista a defesa de uma determinada tese ou ponto de vista, de tal modo que a conclusão a que chagamos tenha por base uma outra ou outras proposições a que chamamos premissas.
Premissas: são as proposições usadas como ponto de partida ou justificação da conclusão.
Conclusão: é a proposição que deriva ou infere das premissas, sendo por estas justificada.
Inferência: é o processo que permite passar das premissas à conclusão.
Logo,
Argumento válido: todo aquele em que a conclusão é inferida correctamente, isto é, quando a conclusão decorre das premissas e é sustentada ou legitimada por elas.
Se ao aprendermos a falar aprendemos os princípios da razão e as regras da lógica, qual o interesse e utilidade da aprendizagem da lógica?
Frases declarativas: frases que dizem algo sobre a realidade tendo, por isso, valor de verdade.
Proposição: é o pensamento expresso numa frase declarativa (pode ser verdadeiro ou falso)
NOTA: As frases interrogativas, exclamativas e imperativas não expressam proposições, pois não têm valor de verdade.
A frase declarativa e a proposição estão profundamente ligadas (exprimir um pensamento implica o uso de uma linguagem), mas não são a mesma realidade:
“Estudar lógica é útil para todas as pessoas porque aprender a argumentar com correcção facilita a comunicação e porque aprender lógica desenvolve a capacidade de argumentar.” (conectores)
Composto por:
3 frases declarativas/3 proposições:
Ø “Argumentar com correcção facilita a comunicação”
Ø “Estudar lógica desenvolve a capacidade de argumentar”
Ø “Estudar lógica é útil para todas as pessoas”
Premissas (razões ou pontos de partida)
Ø “Argumentar com correcção facilita a comunicação”
Ø “Estudar lógica desenvolve a capacidade de argumentar”
Conclusão
Ø “Logo, estudar lógica é útil para todas as pessoas”
O enunciado linguístico é um argumento porque é um conjunto de proposições relacionadas de modo a defender uma ideia (conclusão), apresentando razões para a justificar (premissas)
NOTA:
“Amanhã vai chover.”/”O clima está a sofrer alterações”
Ø Não são um argumento porque para que isso aconteça é preciso que as proposições estejam organizadas de modo a que uma seja a conclusão (o pensamento que se quer defender) e que as outras sejam tomadas como premissas (razões que a sustentam ou justificam)
Forma padrão ou forma canónica: modo estabelecido para apresentar o argumento, enunciando primeiro as premissas e a seguir a conclusão.
“O ensino deve privilegiar o desenvolvimento de competências, uma vez que, hoje em dia, o conhecimento está disponível on-line e os cidadãos só precisam de saber procurá-lo, seleccioná-lo e fazer a sua apropriação pessoal”
Premissas:
Ø O conhecimento está disponível on-line.
Ø Os cidadãos só precisam de saber procurar, seleccionar e fazer a sua apropriação.
Conclusão:
Ø Logo, o ensino deve privilegiar o desenvolvimento de competências.
“ A minha irmã adora cinema, por isso tenho a certeza de que vai gostar do Matrix, dado que não há apreciador de cinema que não goste do Matrix”.
Forma canónica ou padrão
Premissas:
Ø Todos os apreciadores de cinema gostam do Matrix.
Ø A minha irmã adora cinema.
Conclusão:
Ø Portanto, a minha irmã vai gostar do Matrix
Logo,
Como devemos proceder perante um enunciado argumentativo?
Analisar o enunciado para identificar as premissas e a conclusão identificando indicadores de premissas e se conclusão.
Indicadores de premissas |
Indicadores de conclusão |
porque/visto que…/dado que…/por causa de…/como…/considerando que…/devido a…/uma vez que… (e outras expressões equivalentes) |
logo…/portanto…/então…/por conseguinte…/segue-se que…/daí que…/consequentemente…/por isso…/infere-se que…. (e outras expressões equivalente) |
Ø Para encontrar a conclusão: o que é que este argumento pretende demonstrar?
Ø Para encontrar as premissas: que razões ou justificações são apresentadas em favor da conclusão?
Explicitar eventuais premissas ocultas
Reescrever o argumento na forma canónica ou padrão
Premissas:
Ø Argumentar com correcção facilita a comunicação.
Ø Estudar lógica desenvolve a capacidade de argumentar.
Conclusão:
Ø Estudar lógica só tem utilidade para os programadores informáticos. (não decorre das premissas)
Este argumento não é válido:
Validade: não depende da verdade ou da falsidade das proposições que constituem as premissas e a conclusão, mas do modo como estão relacionadas.
Validade lógica: é uma propriedade da estrutura dos argumentos, pois o tipo de relação estabelecido entre as premissas leva a uma determinada conclusão que é sempre verdade se as premissas forem verdadeiras.
Argumento válido: quando de premissas verdadeiras é impossível derivar uma conclusão falsa.
Forma lógica: é a estrutura de um argumento expressa no modo como estão relacionadas as diferentes proposições que o constituem, independentemente do conteúdo ou do que se diz.
Todos os A são B.
Todos os C são A.
Logo, todos os C são B.
Ex:
Se os argumentos não seguirem esta estrutura não podemos garantir que a verdade das premissas é preservada na conclusão.
RESUMO
Argumentos Um conjunto de proposições em que uma delas deriva da outra ou outras. |
Proposições O pensamento expresso por uma frase declarativa. . |
Forma válida Forma não válida |
Verdadeiras Falsas |
Validade (propriedade dos argumentos) + Depende do tipo de conexão existente entre premissas e conclusão; + É independente do valor de verdade das proposições que constituem o argumento; + Um argumento pode ter premissas verdadeiras e conclusão verdadeira e não ser válido; + A validade garante a verdade da conclusão de um argumento que tenha que tenha premissas verdadeiras; |
Verdade + Uma proposição é verdadeira quando expressa adequadamente as características da realidade a que se referem; . . . . |
LÓGICA ARISTOTÉLICA (substitui-se cada termo por uma letra maiúscula)
1. Todos os reactores(A) são rxz(B). Todos os mieglados(C) são rexatores. Logo, todos os mieglados são rxz. | Todos os A são B. Todos os B são C. Logo, todos os C são B. |
2. Todos os alunos do Ensino Secundário (A) são submetidos a exames nacionais (B). Todos os alunos de 12º ano (C) são alunos do Ensino Secundário. Logo, todos os alunos de 12º ano são submetidos a exames nacionais. | |
3. Todos os alunos do 12º ano são alunos do Ensino Secundário. Alguns alunos de Matemática não são alunos do 12º ano. Logo, alguns alunos de Matemática não são alunos do Ensino Secundário. | Todos os A são B. Todos os B são C. Logo, alguns C não são B. |
Conclusão:
Todos os argumentos têm um conteúdo diferente.
Os argumentos 1 e 2 têm a mesma forma./O argumento 3 tem forma diferente.
LÓGICA PROPOSICIONAL (SUBSTITUI-SE CADA PROPOSIÇÃO GLOBALMENTE POR UMA LETRA)
1. Todos os reactores são rxz. (P) Todos os mieglados são rexatores. (Q) Logo, todos os mieglados são rxz. (R) | P e Q, logo, R |
2. Todos os alunos do Ensino Secundário são submetidos a exames nacionais. (P) Todos os alunos de 12º ano são alunos do Ensino Secundário. (Q) Logo, todos os alunos de 12º ano são submetidos a exames nacionais. (R) | P e Q, logo, R |
3. Todos os alunos do 12º ano são alunos do Ensino Secundário. (P) Alguns alunos de Matemática não são alunos do 12º ano. (Q) Logo, alguns alunos de Matemática não são alunos do Ensino Secundário. | P ou Q, e Q, logo, não P |
Conclusão:
Os três argumentos diferem quanto ao conteúdo.
Destacamos as expressões que definem a forma do argumento.
Repetem-se quando há identidade de forma e mudam quando o argumento tem forma diferente.
Os argumentos 1 e 2 têm a mesma forma. O argumento 3 difere dos outros dois na forma.
Logo,
Validade: refere-se à forma dos argumentos
Verdade: refere-se à matéria ou conteúdo, isto é, àquilo que é afirmado ou negado em cada proposição, traduzindo a adequação ou inadequação entre o pensamento expresso e a realidade a que se refere.
NOTA: A validade garante que a verdade das premissas vai ser preservada na conclusão.
Argumento sólido: argumento que é válido e tem premissas verdadeiras.
Inferências dedutivas e validade
Inferências dedutivas válidas: são aquelas em que a verdade das premissas é preservada na conclusão, em virtude da forma do argumento.
NOTA: A validade garante que num argumento dedutivo, seja impossível de premissas verdadeiras chegar a uma conclusão falsa.
Para termos a certeza de que as conclusões dos nossos argumentos dedutivos são verdadeiras, só temos de verificar se:
Uma conclusão é logicamente necessária: quando há apenas uma única possibilidade: a que decorre da forma do argumento. (Ex: Todos os seres vivos morrem e todos os homens são seres vivos, então, todos os homens morrem.) / (Ex: Todos os cisnes observados até agora eram negros. Logo, todos os cisnes são negros. > a conclusão não é logicamente necessária)
Argumentos dedutivos: aqueles cuja conclusão é logicamente necessária
Argumentos não dedutivos: aqueles cujas premissas apoiam, mas não garantem, a verdade da conclusão.
Conceito: representação mental abstracta e universal que designa, na mentem um conjunto ou uma classe de objectos ou de seres. (o significado ou a ideia)
Termo: o conceito expressa-se verbalmente pelo termo.
Conceptualização: processo de formação de conceitos.
Compreensão ou intenção de um conceito: características que o definem como tal.
Extensão ou denotação: conjunto de seres a que o conceito se aplica.
Ex: O cão é meigo.
Ø A cópula estabelece a relação entre os dois termos (verbo ser)
Juízo: operação mental que estabelece a relação entre um sujeito e um predicado, afirmando ou negando que um certo predicado convém ao sujeito.
Frase declarativa: expressão ou enunciado linguístico do juízo.
Proposição: pensamento expresso na frase declarativa.
Forma: modo como estão relacionados os termos numa proposição.
Matéria: conteúdo, isto é, aquilo que é afirmado ou negado acerca do sujeito.
Se dissermos:
Podemos classificar as proposições quanto à:
Qualidade, ou natureza da cópula:
Ø Afirmativas (é): afirmam que o predicado convém ao sujeito
Ø Negativas (não é): negam que o predicado convém ao sujeito
Quantidade, ou extensão do sujeito:
Ø Universais (todos): o predicado aplica-se à totalidade dos elementos que constituem a extensão do sujeito
Ø Particulares (alguns): o predicada aplica-se a parte dos elementos que constituem a extensão do conceito
A combinação entre a quantidade e qualidade das proposições leva-nos a 4 tipos de proposições
Tipo | Qualidade | Quantidade | Exemplo |
A | Afirmativa | Universal | Todas as invenções são úteis |
E | Negativa | Universal | Nenhuma invenção é útil. (forma padrão de: Todas as invenções não são úteis.) |
I | Afirmativa | Particular | Algumas invenções são úteis. |
O | Negativa | Particular | Algumas invenções não são úteis. |
A quantidade de uma proposição é definida por palavras a que chamamos quantificadores: indicam-nos se o sujeito se refere a todos os elementos do conceito ou apenas a uma parte deles (quantificadores universais: todo/nenhum/qualquer || quantificadores particulares: algum/poucos/certos/nem todos);
“Quadrado lógico de oposição” entre proposições
Oposição de proposições | Exemplos | Regras |
Contraditórias: as proposições diferem na quantidade e na qualidade | A. Todos os advogados são juristas. O. Alguns advogados são juristas. E. Nenhum advogado é jurista. I. Alguns advogados são juristas. | Não podem ser verdadeiras nem falsas ao mesmo tempo. Se A é verdadeira, O é falsa Se E é verdadeira, I é falsa |
Contrárias: as proposições são universais, mas diferem na qualidade | A. Todos os advogados são juristas. E. Nenhum advogado é jurista. | Não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo , mas podem ser falsas ao mesmo tempo |
Subcontrárias: ambas as proposições são particulares, diferem na qualidade | I. Alguns advogados são juristas. O. Alguns advogados são juristas. | Podem ser ambas verdadeiras ao mesmo tempo. Não podem ser as duas falsas ao mesmo tempo. |
Subalternas: ambas as proposições são afirmativas ou negativas, diferem na quantidade | B. Todos os advogados são juristas. O. Alguns advogados são juristas. E. Nenhum advogado é jurista. I. Alguns advogados são juristas. |
Se a universal é verdade, a particular é verdadeira Se a particular é falsa, a universal é falsa. |
Está distribuído: é tomado em toda a sua extensão ( refere-se a todos os elementos a que o conceito se aplica/afirma algo de todos e de cada um dos elementos que designa)
Não está distribuído: é tomado apenas em parte da sua extensão (refere-se a alguns elementos que pertencem à extensão do sujeito)
Ex: Todos os ruminantes são herbívoros.
Ø Ruminantes: está distribuído
Ø Herbívoros: não está distribuído (refere-se só aos ruminantes)
A (Todo o S é algum P) Ø Sujeito distribuído Ø Predicado não distribuído | E (Nenhum S é (nenhum) P) Ø Sujeito distribuído Ø Predicado distribuído | I (Algum S é (algum) P) Ø Sujeito não distribuído Ø Predicado não distribuído | O (Algum S não é (nenhum) P) Ø Sujeito não distribuído Ø Predicado distribuído |
Uma proposição é categórica quando afirma ou nega algo de forma absoluta e incondicional.
Proposição:
Ø 2 termos
Ø Cópula
Silogismo:
Ø 3 termos
Ø 3 proposições
Ø Cada um dos termos aparece 2 vezes
Silogismo categórico
Três proposições:
Ø Premissa maior:
¨ Contém o termo maior, isto é, de maior extensão
Ø Premissa menor:
¨ Contém o termo menor
Ø Conclusão:
¨ Decorre da relação estabelecida entre as premissas
¨ Contém o termo maior (P) e o menor (S)
¨ Não contém o termo médio
Três termos:
Ø Maior (P):
¨ O termo de maior extensão
¨ Predicado da conclusão
Ø Menor (S):
¨ O termo de menor extensão
¨ Sujeito da conclusão
Ø Médio (M):
¨ Aparece nas duas premissas e não está na conclusão
¨ Estabelece a ligação entre os outros termos
Nexo lógico:
Ø Estabelecido pelo termo médio
Ø A articulação entre as premissas é que permite derivar delas a conclusão
1. Um silogismo tem de ter três e só três termos
Ex:
O fim de uma coisa é sua perfeição.
O fim da vida é a morte.
Logo, a morte é a perfeição da vida. (não é válido: “fim” é um termo ambíguo/relação entre 4 termos e não 3)
2. O termo médio não pode aparecer na conclusão
Ex infracção:
Sócrates é filósofo.
Sócrates é pequeno.
Logo, Sócrates é pequeno filósofo.
3. O termo médio tem de ser tomado pelo menos uma vez em toda a sua extensão (universalmente), ou seja, deve estar distribuído pelo menos uma vez.
Ex infracção:
Todos os leões são mamíferos.
Todos os gatos são mamíferos.
Logo, todos os gatos são leões.
4. Nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas, ou seja, se um termo está distribuído na conclusão tem de estar distribuído na premissa onde ocorre.
Ex infracção:
Todos os carnívoros são seres vivos.
Alguns mamíferos não são carnívoros.
Logo, nenhum mamífero é um ser vivo.
Figuras: resultam da posição do termo médio nas premissas
Modos: resultam da qualidade (afirmativa/negativa) e da quantidade (universal/particular) das proposições.
Sujeito da premissa maior e predicado da premissa menor
1ª figura
M > P
S > M
S > P
Predicado em ambas as premissas
2ª figura
P > M
S > M
S > P
Sujeito em ambas as premissas
3ª figura
M > P
M > S
S > P
Predicado de premissa maior e sujeito da premissa menor
4ª figura
P > M
M > S
S > P
Falácias formais: argumentos que não cumprem as regras lógicas de inferência.
Falácias:
¨ Formais: os argumentos que não cumprem as regras lógicas de inferência
¨ Informais: os argumentos cujos erros são derivados da matéria ou do conteúdo das premissas.
Principais falácias formais do silogismo:
Quatro termos
Termo médio não distribuído
Ilícita maior (quando o termo médio apresenta maior extensão na conclusão do que nas premissas)
Ilícita menor (quando o termo menor apresenta maior extensão na conclusão