Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod
Todos os trabalhos publicados foram gentilmente enviados por estudantes – se também quiseres contribuir para apoiar o nosso portal faz como o(a) Margarida Montanha Rebelo e envia também os teus trabalhos, resumos e apontamentos para o nosso mail: geral@notapositiva.com.
Trabalho escolar muito completo sobre o Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, realizado no âmbito da disciplina de Português (9º ano)...
O Auto da Barca do Inferno foi um livro escrito para ser representado. A primeira fez que o foi, foi em 1517, e foi considerado divertido e bem escrito. É o primeiro de uma triologia das Barcas sendo que a segunda e a terceira são os Autos da Barca do Purgatório e o da Barca da Glória.
O autor deste livro foi Gil Vicente, português, do qual se sabe muito pouco. Suspeita-se que tenha nascido em 1465, apesar de não haver certezas quanto a onde. Também ninguém sabe qual era a sua profissão, apesar das suspeitas de que fosse ourives do Rei.
Gil Vicente, o dramaturgo mais famoso e também conhecido como o Pioneiro em Portugal, apresentou a sua primeira peça de teatro quando em 1502 representou para a Rainha D. Maria o Monólogo do Vaqueiro, que era um monólogo dedicado ao rei D. João III. Este facto ajuda a que se considere Gil Vicente como um ourives ou outra profissão ligada ao Rei. Desde este teatro que até 1536 ele apresentou centenas de teatros, sempre servindo a família real.
Terá morrido nos finais de 1536, princípios de 1540. Passou a ser um “mito”. O primeiro dramaturgo de Portugal. Na verdade, já haviam outras manifestações teatrais antes dele mas, com Gil Vicente, o teatro português mudou tanto que lhe deu esta fama. E, se juntarmos a tudo isto o facto de os registos teatrais de Gil Vicente terem sido os mais antigos a chegar aos nossos dias, temos uma explicação da origem deste mito.
O Auto da Barca Do Inferno foi uma importante peça escrita por este autor. Foi escrita num Género Dramático, num único acto dividido em várias cenas.
O cenário desta peça foi o mesmo durante todo o acto, sendo um porto onde estão duas Barcas, uma denominada de Barca do “Inferno”, onde está o Diabo e para onde vão todos aqueles que morrem sem serem dignos do Paraíso, e uma onde está o Anjo, a “Barca da Glória”, para onde vão todos os que morrem “santos”. Por este porto têm direito a passar todos os que morrem, e é lá que são julgados pelo Diabo e pelo Anjo que lhes dizem se podem ou não dar entrada na viagem que se vai seguir, para o Inferno ou para o Céu, respectivamente. Esta peça tem um tempo “psicológico”, porque tudo o que acontece se passa na “mente” dos que morreram e vão para aquele ancoradouro.
Quanto à linguagem, pode-se dizer que foi escrito numa linguagem comum, muito próxima da falada revelando assim a intenção de uma peça para o povo, de uma condição social mais baixa, e sem acesso à educação.
As personagens com mais relevo neste Auto são o Anjo e o Diabo. Ao longo do Auto podemos encontrar o Diabo e o seu Companheiro eufóricos, conscientes de que em pouco tempo a sua barca estaria cheia de pecadores, que, não admitidos pelo Anjo, teriam de se acomodar na Barca do Inferno. O Anjo, sozinho, tem consciência de que pouca gente vai ser digna de ir no seu barco, e, consequentemente, não está assim tão bem-disposto.
A primeira alma a chegar ao Porto é a de um Fidalgo, que é condenado ao Inferno por ter levado uma vida tirana cheia de luxúrias e pecados. Gil Vicente critica assim os fidalgos daquela época, que se acham dignos do paraíso porque, como o Fidalgo diz: “Deixaram quem cuide deles na Terra”.
De seguida vem o Onzeneiro (pessoa que empresta dinheiro e o recebe com juros, que vive à custa da miséria dos outros). Também este é rejeitado pelo Anjo, e aceite na Barca do Inferno.
O que chega a seguir é o Parvo, de seu nome Joane, que apesar da insistência do diabo para que viaje na sua barca, ao aperceber-se do destino da mesma, se dirige ao Anjo, que o aceite por ser humilde e não ter pecados dos quais seja consciente.
O sapateiro, a quarta alma a chegar, cujo pecado é roubar na sua profissão, é também aceite na Barca do Inferno, mas rejeitado na Barca da Glória.
A seguir vem o Frade, acompanhado pela Amante, que é obviamente rejeitado na Barca da Glória. Gil Vicente critica o Clero, que se diz tão Santo mas que é tão pecador como tantos outros.
Entra então em cena Brízida Vaz, uma mistura de Feiticeira, Alcoviteira (Intermediária em relações amorosas) e Prostituta. É condenada devido a estas profissões, e apesar das suas tentativas em seduzir o Anjo, este fica indignado com a presença de tamanha pecadora. Brízida Vaz é além do Parvo, a única que tem direito a um nome, talvez devido à grande quantidade de profissões que praticava.
O novo personagem é então um judeu, cujo pecado é tão grande que só tem direito a ser rebocado pelo Diabo, juntamente com o seu bode.
Entram então o Corregedor e mais tarde o Procurador, que são condenados pelo Anjo, com a ajuda do Parvo, devido a utilizarem o Poder Judiciário para benefício próprio.
Entra então o enforcado, convencido que por ter morrido num “martírio”, seria imediatamente absolvido pelo Anjo. Mas os seus inúmeros pecados, comandados por seu chefe Garcia Moniz, não podem ser limpos, e ele é então condenado à viagem no Batel do Diabo.
Os últimos a chegar ao porto são Quatro Cavaleiros das Cruzadas, que devido a terem morrido pelo Cristianismo, são absolvidos.
Com estas personagens, Gil Vicente criticava a sociedade daquela época, cada um com os seus defeitos, mas todos convencidos da sua inocência e santidade.
A importância religiosa desta época é também realçada neste Auto, pois todos os têm o direito de ser perdoados pelo Anjo, se tivessem feito aquilo que o Clero ordenara.